"A maratona tem uma ligação direta com a vida, com aqueles momentos em que você é obrigado a fazer um esforço para chegar ao fim. Ela dá essa resistência de você saber que está difícil, mas que vai ter que conseguir de qualquer maneira. A vida é assim: você passa por fases duras, mas persiste porque sabe aonde quer chegar. A maratona também te dá uma sensação de que você pode. Quarenta e dois quilômetros? Quem pode correr isso, pode outras coisas também"
(Drauzio Varella, médico, outro "louco" por corrida)
Após me escutar por quase uma hora, e já conhecendo um pouco da minha história de vida, minha analista saiu-se com esta: "Eduardo, você, como ninguém, sabe como cavar sua própria cova. Você adora sabotar a si mesmo"!
Pronto. Ao invés de me ajudar, aquilo parece que serviu para detonar outra crise e mais outra e mais outra...
Saí dali com um título na cabeça ("Coveiro de mim mesmo") e um provável texto nas mãos, mas a ideia não vingou. Jamais escrevi o que pensei que fosse dar num belo poema. Quem sabe um dia eu o faça?
Lembrei-me deste fato, porque, volta e meia, tenho visto e conversado com algumas pessoas (amigos ou não) que, quando o assunto é praticar alguma atividade física (seja ela qual for) adoram arrumar desculpas para si mesmas ou que também gostam de se autossabotar (aliás, permitam-me um breve comentário: penso que andaram a sabotar nossa Língua Pátria após a tal Reforma Ortográfica. Eu preferia e achava bem mais bonito escrever auto-sabotar, assim, com hífen...).
Quantas e quantas vezes eu e você não escutamos diariamente frases do tipo:
"Hoje não dá porque está frio" (mas se estivesse "calor demais" ou chovendo ela também não iria).
Às vezes, a pessoa diz que não vai porque está "muito cansada" ou porque "trabalhou muito durante o dia".
Ou coloca a culpa no tempo, na preguiça, na chata da mulher, no insuportável do marido ou diz que não gosta de acordar cedo ou, então, quase implora: "só mais cinco minutinhos" e daí se aboleta na cama, de onde parece não querer sair mais.
As desculpas são intermináveis e as mais variadas possíveis.
Mas, a boa notícia é que você não está sozinho nessa, afinal, eu também, como minha analista diagnosticou, adoro cavar minha sepultura e me atrapalhar, mesmo sendo um corredor disciplinado, meio indisciplinado, mas persistente e insistente.
Repito: até mesmo eu, que corro tanto, que treino algumas vezes durante a semana, tenho lá meus momentos de preguiça, desânimo, cansaço, etecetera e tal.
Ao longo da vida, no entanto, o que vamos aprendendo é que tudo, mas tudo mesmo, depende da nossa força interior, daquilo que nossa cabeça determina e o corpo coloca em ação.
Parece discurso de autoajuda (pela nova regra, o hífem não será utilizado quando o prefixo terminar em vogal diferente da que inicia a segunda palavra) e acho que é mesmo.
Aliás, ando lendo um livro interessante de autoajuda...
Tudo é uma questão de determinação. De vontade própria. Coisas que só você mesmo pode decidir.
A corrida, assim como tantas outras coisas na vida, é um exercício de confiança e autoconfiança. Sinto isso todos os dias quando corro. Senti isso quando corri uma maratona pela primeira vez.
Quando confia em si mesmo, você acredita na sua capacidade de superar desafios, tenta vencer suas limitações e ir aonde seu medo (ou sua falta de coragem) o impede de chegar.
Aí, você segue adiante. "O medo cega os nossos sonhos", cantou Charlie Brown Jr.
Portanto, que tal pararmos de arrumar desculpas para nós mesmos, de nos autossabotar e cavar nosso própria sepultura?
Não é melhor tomar uma atitude a favor da nossa saúde? Que tal dar uma força a si mesmo - em último caso, busque uma força extra de onde considerar que você pode extrair energia.
A corrida não traz benefícios apenas para o seu físico. Ela melhora sua autoestima, diminui o estresse, a ansiedade e aumenta sua disposição para a vida.
Se você não quiser correr, não tem problema. Comece fazendo uma caminhada. E já está de bom tamanho, afinal, como bem escreveu o poeta espanhol Antonio Machado: "o caminho se faz ao caminhar".
Você só irá correr se começar a caminhar. Da caminhada para a corrida é um pulo, ou melhor, mais algumas passadas.
Espero, sinceramente, que você não arrume uma desculpa para não ler este texto.
E por falar em cova, em sepultura (oxalá isso demore mais uns 50 anos, pelo menos, afinal, tenho muito a correr ainda) já defini o que irei pedir para que escrevam na minha lápide, quando não mais tiver vida para calçar meus tênis e sair pelas ruas: "Aqui jaz um corredor".
Um abraço cheio de energia.
Vamos correr!
Com aquele comentário, sua analista foi quem se mostrou uma grande sabotadora. kkkkkkk
ResponderExcluirAgora, mais q depressa, correndo, eu vou sabotar essa infeliz observação q colocou caraminholas na cabeça desse meu amigo corredor. Para isso, uso as próprias palavras desse corredor:
"Ao longo da vida, no entanto, o que vamos aprendendo é que tudo, mas tudo mesmo, depende da nossa força interior, daquilo que nossa cabeça determina e o corpo coloca em ação".
Se pensar com essa sensibilidade significa "sabotar a sim mesmo", então... \o
P.s.: Sou fã do Dráuzio Varella.
Glaysson, mais uma vez, obrigado por suas palavras. Acredite: tambem me saboto volta e meia...Mas aí corro mais um pouquinho...rss.. Um grande abraço, amigo!
ExcluirDudu,temos que trocar figurinhas mais do que nunca... Volto a dizer da minha alegria ao perceber a sua felicidade. Parece que vc não poupou esforços para ir atrás dela, né? Descubro-me uma autossabotadora de primeira e não tenho como negar: a imagem da cova mexe com a gente, né? Aff... precisamos conversar... kkkkk. Bjs! Saudade...
ResponderExcluirSassá, meu amor: andamos em dívida um com o outro! Não vamos sabotar nossa amizade, viu..rss.. De fato, quanto mais corro, a felicidade mais chega pra perto...rss Obrigado pelo seu carinho comigo!! Beijo!
ExcluirEdu meu amigo seu texto é incrível,ótimo para uma reflexão.Percebi o quanto sou autossabotadora.A gente cava a própria sepultura e pula com toda força.Acredito no poder da nossa força interior para vencermos os desafios. Bjooo da amiga LIA
ResponderExcluirDona Lia, sigamos em frente, pulando com força pra fora da cova! Beijo e mais uma vez muito obrigado!
ExcluirSabe Edu, a autossabotagem é uma prática muito comum infelizmente. Seus praticantes nem sempre estão conscientes disso. Vc é um corredor em treinamento constante e na vida nós somos sobreviventes em treinamento constante tb. Qdo nos deparamos com choques assim, temos a chance de redirecionar os treinos e não permanecer no erro. Dessa forma novas chances se abrem, melhoram as possibilidades de se alcançar os objetivos. E acredite se podemos nos autossabotar também somos capazes de fazer o processo reverso, afinal o processo é criação nossa. Quanto a cova, não necessariamente precisa ser símbolo de morte, pode ser sim símbolo de nascimento. Não é na "cova" q a semente rompe sua casca para gerar nova planta. É q somos nós, sementes a germinar diariamente, somos vencedores a cada obstáculos a cada casca de nós mesmos q rompemos. Grande abraço. Gabi.
ResponderExcluirQuerida Gabi, obrigado pelas palavras tão sábias e encorajadoras. Acredito também que as coisas têm sempre seus contrários. vida é morte; morte é vida. O que é derrota agora pode ser tornar vitória posteriormente. Depende da gente, do nosso esforço, do nosso suor, para qualquer coisas que for. Lógico: há fatores externos que influem, mas o principal vem da força da gente!
ResponderExcluirObrigado, mais uma vez. Um abraço!
Que belo texto!
ResponderExcluirComo me desanimo com alguns profissionais! Ela poderia muito bem ter te encorajado um pouco, não é verdade?
Apesar de tudo, acredito que as dificuldades da vida só tem a nos ensinar a compreender a dor do outro. Se eu não passo por isso, jamais posso entender o que acontece no coração de quem enfrenta a angústia, solidão, dificuldades diferentes.
Agora com sua experiência difícil você escreveu um belo texto, com o qual me identifiquei e muito! Espero encontrar meu caminho, um passo por vez, para cumprir minha missão.
Um grande abraço, Eduardo! Continue correndo e que todas as suas experiências possam ser encorajamento para os outros! Hoje foi para mim!
Bella, obrigado querida! Mas minha analista é dez. Ela está corretíssima. Não há reparo a fazer na avaliação dela.
ResponderExcluirFico imensamente feliz por, através das palavras ou por meio da corrida, poder dividir minhas experiências com as pessoas e receber comentários tão enriquecedores para minha vida.
É bom saber que, de uma forma ou de outra, sempre podemos extrair algo das experiências de vida dos outros, como você argumenta.
Obrigado mais uma vez e um super beijo.