Na verdade, atendi a um pedido para que o acompanhasse durante a corrida, como uma forma de estimulá-lo, o que acabei fazendo sem, contudo, estar devida e oficialmente inscrito para participar da prova.
Corri, portanto, no que chamam de "pipoca", sem direito ao chip de cronometragem, camisa, número de peito, tampouco a medalha (é certo que meu amigo me ofereceu um gole do isotônico, um pedaço de maça e também a metade de seu sanduíche, devidamente preparado para a ocasião), mas fiquei imensamente feliz por, simplesmente, ter sido uma espécie de impulsionador para que meu amigo começasse a dar seus primeiros passos na corrida.
Foi uma experiência muito interessante.
Pela primeira vez, corri lentamente, no ritmo do meu amigo, sem pensar em chegar, sem me esforçar tanto e sem me preocupar se beltrano, fulano ou a sicrana com seu cabelo amarrado em rabo de cavalo iriam nos ultrapassar ou não.
Vi se materializar, mais uma vez, no meu amigo Rômulo Martini, que anda muito longe da melhor forma física, mas que chegará lá, com toda certeza, a máxima segundo a qual "se você quer, você pode"!
Após a corrida, meu amigo me disse que, assim que cruzou o primeiro quilômetro - que é bom que se diga, teve como cartão de visitas uma subida curta, mas forte - chegou a pensar que não daria conta de completar a prova.
Por momentos, também passou pela cabeça dele a dúvida existencial que perturba muitos dos corredores ("o que eu tô fazendo aqui"), insegurança que, no entanto, se esvaiu assim que ele chegou ao oitavo quilômetro, quando pensou: "se cheguei até aqui, agora, vou até o final".
E foi mesmo!
Suou, sofreu, encharcou o corpo com água mineral, sentiu dores nas pernas, uma ameaça de canelite, mas não desistiu.
Ele insistiu e persistiu!
Foi, viu, viveu e venceu.
Ao lado dele, eu vi, mais uma vez, como é bonito o esforço; como é lindo ver que, quando a gente se dedica e se esforça, seja para o que for, conseguimos o que desejamos!
Nada parece poder conter o ímpeto humano!
Vi se materializar, logo após a prova, já com a medalha no peito, no rosto feliz do meu amigo Rômulo Martini - que anda muito longe da melhor forma física - a máxima segundo a qual "se você quer, você pode"!
Penso, na verdade, que, para ele, o prêmio maior não foi a medalha no peito, mas o propósito alcançado.
Para mim, o prêmio máximo não veio em forma de medalha, mas teve gosto da satisfação e do prazer de saber que, de uma forma ou de outra, minha paixão pela corrida pode contaminar os outros a buscar um estilo de vida mais saudável e, portanto, mais feliz.
A você, meu amigo Rômulo, meus parabéns.
Você foi guerreiro! Agora, não pare mais!
Vamos correr!