Não sei se já aconteceu com você - certamente sim - mas, desde menino, ouço frases que, ao longo do tempo, se tornaram verdadeiros chavões, clichês mesmo, mas que, no entanto, considero super adequadas.
São as tais de "não ser nem oito nem oitenta", "nem tanto ao céu nem tanto ao mar", "nem calça de veludo nem bumbum de fora".
Com isso, a sabedoria popular quer nos mostrar que devemos, a todo custo, busca algo que, sobretudo hoje em dia, em tempos tão duros como o que vivemos - marcados pela individualidade, o egoísmo, a falta de leveza e harmonia em todas as nossas relações ( do trabalho à vida pessoal) - é tão necessário em nossa vida e, principalmente, em nossas ações: o tal de equilíbrio.
A chave de tudo é buscar o equilíbrio |
Sem ele - algo que, de fato, é muito complicado de se conseguir - corremos o risco de viver mesmo na corda bamba da vida.
Hoje, pela vida que todos levamos, temos sido frutos do desequilíbrio. Bem, mero achismo meu.
Você que me acompanha por aqui, certamente deve ter percebido que as postagens no blog diminuíram, principalmente nos dois últimos meses.
Tenho duas razões para tentar explicar o vácuo de palavras no blog - na verdade, uma puxa a outra. Ambas, penso, fruto do meu desequilíbrio.
A primeira razão: exagerado e entusiasmado para correr, senti a desarmonia na corrida.
Explico: como, em 2012, peguei meio pesado nas corridas, chegando a participar de duas maratonas (42 km) num espaço de quatro meses uma da outra (ou seja, na verdade, não encontrei o tal meio-termo da corrida) sem um treinamento muito adequado, a partir de dezembro resolvi correr menos.
Resultado: a coisa ficou feia: ao diminuir a intensidade e a frequência dos treinos, perdi o ritmo e, confesso, foi tomado por um desânimo danado.
E, não sei se os amigos comungam da mesma opinião, mas, recuperar o ritmo de treino, em qualquer que seja a atividade,é sempre bem mais difícil que dar os primeiros passos.
É dolorido. Literalmente.
Com isso, abri brecha para as lesões: minha panturrilha direita está gritando por quase um mês. Ando tentando de gelol a bolsas de gelo diárias - uma hora dá certo. O próximo passo deve ser uma benzedeira!
Diminuí minha presença nos treinos e, consequentemente, não dei as caras nas competições oficiais de corrida, o que voltei a fazer apenas neste domingo, 24 de março, quando participei de uma prova de 10 milhas (16 km), no reduto de sempre: a Pampulha.
Ter harmonia é fundamental |
Pela primeira vez em toda a minha história de corredor, participei de uma prova correndo com dores na panturrilha o tempo todo, dores suportáveis, claro, mas que incomodaram.
E aí, me perdoem os chavões, mas foi, então, que tive que levar na persistência, na insistência e na garra. Precisei ser guerreiro pra dar certo. E deu!
Ainda assim, confesso que foi péssimo ficar praticamente três meses sem sentir a deliciosa sensação de ansiedade, o prazer e a adrenalina que sempre acompanham os que gostam de correr.
Foi preciso suportar as dores |
Neste domingo, voltei a sentir isso.
A segunda razão é mais ou menos óbvia: quando criei o blog, meu intuito sempre foi o de fazer deste espaço um canal para compartilhar minhas experiências de corredor, em prosa ou verso (continuo a achar que não sei fazer nem uma coisa nem outra), na doce ilusão de ajudar algumas pessoas a também se dedicarem à corrida e vê-la como uma atividade que pode sim ser capaz de mudar nossas vidas.
Entretanto, sem correr no ritmo que me era próprio, me perdi até mesmo das palavras.
Eu, simplesmente, não encontravas as palavras para preencher o espaço vazio do blog. Minha sensação era de que à medida que eu reduzia minha intensidade nas corridas, as palavras iam escapando.
Parece que as palavras também se desequilibram sentindo o meu desequilíbrio.
Então, quando me dei conta, perdi o rumo. E ninguém vai à frente sem um caminho determinado a seguir.
O que tenho tentado, agora, é retomar o caminho da harmonia, encontrar o meio termo e voltar a correr com o mesmo prazer de sempre.
É o que voltei a fazer hoje.
Voltar a correr com o mesmo prazer de sempre |
E você, já encontrou seu equilíbrio e seu caminho? Quem sabe eles não estão na rua ou na próxima corrida?
Um abraço a todos.
Vamos correr.