domingo, 30 de setembro de 2012

Pare de se autossabotar: dê uma força a si mesmo!


"A maratona tem uma ligação direta com a vida, com aqueles momentos em que você é obrigado a fazer um esforço para chegar ao fim. Ela dá essa resistência de você saber que está difícil, mas que vai ter que conseguir de qualquer maneira. A vida é assim: você passa por fases duras, mas persiste porque sabe aonde quer chegar. A maratona também te dá uma sensação de que você pode. Quarenta e dois quilômetros? Quem pode correr isso, pode outras coisas também"
(Drauzio Varella, médico, outro "louco" por corrida)


Há quase uns três anos, eu entrava pela porta do consultório da minha analista, para minha primeira sessão, com um terrível sentimento de angústia, confuso, perdido e vivendo mais um capítulo da chamada crise existencial, esta danada que não larga do meu pé, tampouco da minha cabeça, e que me segue (persegue) tal como novela, pelo menos desde outubro de 1971, mês e ano em que nasci.

Após me escutar por quase uma hora,  e já conhecendo um pouco da minha história de vida, minha analista saiu-se com esta: "Eduardo, você, como ninguém, sabe como cavar sua própria cova. Você adora sabotar a si mesmo"!

Pronto. Ao invés de me ajudar, aquilo parece que serviu para detonar outra crise e mais outra e mais outra...

Saí dali com um título na cabeça ("Coveiro de mim mesmo") e um provável texto nas mãos, mas a ideia não vingou. Jamais escrevi o que pensei que fosse dar num belo  poema. Quem sabe um dia eu o faça?

Lembrei-me deste fato, porque, volta e meia, tenho visto e conversado com algumas pessoas (amigos ou não) que, quando o assunto é praticar alguma atividade física (seja ela qual for) adoram arrumar desculpas para si mesmas ou que também gostam de se autossabotar (aliás, permitam-me um breve comentário: penso que andaram a sabotar nossa Língua Pátria após a tal Reforma Ortográfica. Eu preferia e achava bem mais bonito escrever auto-sabotar, assim, com hífen...).

Quantas  e quantas vezes eu e você não escutamos diariamente frases do tipo:
"Hoje não dá porque está frio" (mas se estivesse "calor demais" ou chovendo ela também não iria). 

Às vezes, a pessoa diz que não vai porque está "muito cansada" ou porque "trabalhou muito durante o dia". 

Ou coloca a culpa no tempo, na preguiça, na chata da mulher, no insuportável do marido ou diz que não gosta de acordar cedo ou, então, quase implora: "só mais cinco minutinhos" e daí se aboleta na cama, de onde parece não querer sair mais.

As desculpas são intermináveis e as mais variadas possíveis.

Mas, a boa notícia é que você não está sozinho nessa, afinal, eu também, como minha analista diagnosticou, adoro cavar minha sepultura e me atrapalhar, mesmo sendo um corredor disciplinado, meio indisciplinado, mas persistente e insistente.



Repito: até mesmo eu, que corro tanto, que treino algumas vezes durante a semana, tenho lá meus momentos de preguiça, desânimo, cansaço, etecetera e tal.

Ao longo da vida, no entanto, o que vamos aprendendo é que tudo, mas tudo mesmo, depende da nossa força interior, daquilo que nossa cabeça determina e o corpo coloca em ação. 

Parece discurso de autoajuda (pela nova regra, o hífem não será utilizado quando o prefixo terminar em vogal diferente da que inicia a segunda palavra) e acho que é mesmo. 

Aliás, ando lendo um livro interessante de autoajuda...

Tudo é uma questão de determinação. De vontade própria. Coisas que só você mesmo pode decidir.

A corrida, assim como tantas outras coisas na vida, é um exercício de confiança e autoconfiança. Sinto isso todos os dias quando corro. Senti isso quando corri uma maratona pela primeira vez. 


Quando confia em si mesmo, você acredita na sua capacidade de superar desafios, tenta vencer suas limitações e ir aonde seu medo (ou sua falta de coragem) o impede de chegar. 
Aí, você segue adiante. "O medo cega os nossos sonhos", cantou Charlie Brown Jr.

Portanto, que tal pararmos de arrumar desculpas para nós mesmos, de nos autossabotar e cavar nosso própria sepultura?

Não é melhor tomar uma atitude a favor da nossa saúde? Que tal dar uma força a si mesmo - em último caso, busque uma força extra de onde considerar que você pode extrair energia.

A corrida não traz benefícios apenas para o seu físico. Ela melhora sua autoestima, diminui o estresse, a ansiedade e aumenta sua disposição para a vida.

Se você não quiser correr, não tem problema. Comece fazendo uma caminhada. E já está de bom tamanho, afinal, como bem escreveu o poeta espanhol Antonio Machado: "o caminho se faz ao caminhar". 

Você só irá correr se começar a caminhar. Da caminhada para a corrida é um pulo, ou melhor, mais algumas passadas.

Espero, sinceramente,  que você não arrume uma desculpa para não ler este texto.

E por falar em cova, em sepultura (oxalá isso demore mais uns 50 anos, pelo menos, afinal, tenho muito a correr ainda) já defini o que irei pedir para que escrevam na minha lápide, quando não mais tiver vida para calçar meus tênis e sair pelas ruas: "Aqui jaz um corredor".

Um abraço cheio de energia.

Vamos correr!